quarta-feira, 18 de agosto de 2010

High School of the DEAD

A combinação zumbis, sangue e calcinhas – claro, essas limpinhas e cheirosas – em um mundo apocalíptico é a sinopse dos sonhos de muita gente. Baseado em um manga de sucesso, principalmente no Ocidente [incrivelmente já está em publicação no Brasil], High School of the Dead sempre foi uma promessa. E quando um time conhecido, encabeçado pelo diretor de Death Note, está envolvido no projeto animado pelo estúdio Madhouse – um dos favoritos dos fãs por aqui, a expectativa só aumenta.

Um trailer de quase dois minutos – que é usado inteiramente no primeiro episódio – mostra qual é o forte da série: a boa ambientação do manga sendo potencializado pelos recursos presentes somente na animação, como som, cor e movimento. O quê de cinematográfico é exagerado, principalmente as tomadas de muito longe, mas no geral a direção – e fotografia – são afiados e introduzem bem a atmosfera do anime. A arte é muito bem feita, talvez a melhor das estreias [apenas Strike Witches se iguala], mas a animação é somente boa no geral ao priorizar a estabilidade do traço e reservando movimento para momentos mais importantes. O som não ajuda, mas não compromete – tanto as músicas das medianas [e nos quais também se gasta pouco] abertura e encerramento, quanto a trilha em si.Já a câmera – a tremedeira característica dela faz parte da ambientação citada acima – merece um parágrafo a parte: para o que se considera um filme [ou jogo, para os mais modernos] de zumbi em animação, os graus de sexo e violência são reduzidos – e devem continuar assim. Provavelmente teremos que nos contentar com as calcinhas e as poças de sangue mostradas – Occult Gakuin mesmo mostrou desmembramento e diversos outros animes do AT-X, canal a satélite premium que tem prioridade na exibição de HOTD, são famosos pelas tetas de fora [né, Queen’s Blade?] – então, por que aqui não? O que temos é a bunda com calcinha de alguma das meninas ou sangue na parede ou chão sendo mostrados, focalizados – e isso é parte importante do show.


Temos o estilo presente, mas há algo por baixo dele? Bem, o roteiro aqui serve somente como apoio para a série entregar o que tem de melhor – além de muita apresentação de personagens aparentemente unidimensionais que só daqui há algum tempo se tornarão importantes, há uma linha narrativa com início, meio e fim no primeiro episódio, que envolve o triângulo amoroso Takashi, Rei e Hisashi. Esses três, personagens até aqui rasos sem perspectiva de melhora, protagonizam um dramalhão que pretende mostrar o desespero presente neste tipo de situação, com um final que só aumenta o desespero de quem sobrevive. Acho mais efetivo – e mais cômico – uma cena onde duas estudantes, de mãos dadas, juram amizade eterna. Segundos depois, chegam os zumbis – e a jura é convenientemente esquecida. No mais, outras características do subgênero são mantidas, como a descrição pessimista da humanidade [a fala final do protagonista é absolutamente cretina, convenhamos] e o machismo. Mulher só serve mesmo para ser gostosa – e quem nunca deu uns tapas na sua mulher, não é mesmo?HOTD é muito estilo e pouco conteúdo. A história deve ganhar mais camadas em breve, mas o que deve levar-nos a continuar assistindo é mesmo a ação e o fanservice – mistura explosiva que já foi a fórmula perfeita para o anime uma ou duas décadas atrás –, embalados em alucinantes doses de vinte e quatro minutos contendo a melhor arte da temporada. Deve ser a porta de entrada para muita gente aos animes – ou ao menos a algo que não seja battle shounen, além de ultrapassar fronteiras aqui no Ocidente, onde pode muito bem ser consumido pelo jovem de tendências nerd que não liga para desenhos japoneses. E fica uma pergunta: como será o final? Tenho a convicção de que não terá vinculação com o manga – será mais um Gantz ou Claymore a ser lamentado por anos adentro?

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Arquivos

Tradução

English French German Spain Italian Dutch
Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified